quinta-feira, 24 de novembro de 2011

As águas vão e voltam... http://youtu.be/bHMJalx6WCU

As águas vão e voltam...
Tem vez que a turbulencia nos leva profundo
É gélido não saber navegar
Ou só, afogar sem sentir o inchaço dos pulmões
Sem o ar dos lábios que o faça retornar ao depois
EU sempre pedi ao mar enormes ondas...
Sem pesar o meu corpo
Sem medir a embarcação
Pedi o céu e as constelações...
Eu lancei culpa aos dias de chuvas
E sobre o chicote das inconstâncias...
Pedi ao poema uma taça suada das mãos de um Anjo
Implorei a marca de sua boca em flamas...
Pra Deus, eu roguei outra alma...
Soubesses entre Ele e eu as falas...
Soubesses...
Foi um infinito que parecia ainda mais distante!
Então;  tornei-me poeta
Por hora, apenas papel e tinta
E este poema navega voltando...
Chuva é barulho de fartura no campo
Neste Rio, peixe é o milagre da vida
Todo Janeiro é bom!
*
Imagem Google
Vera Lúcia Bezerra Freitas

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O PASTOR AMOROSO


Quando eu não te tinha
Amava a Natureza como um monge calmo a Cristo...
Agora amo a Natureza
Como um monge calmo à Virgem Maria,
Religiosamente, a meu modo, como dantes,
Mas de outra maneira mais comovida e próxima.
Vejo melhor os rios quando vou contigo
Pelos campos até à beira dos rios;
Sentado a teu lado reparando nas nuvens
Reparo nelas melhor...
Tu não me tiraste a Natureza...
Tu não me mudaste a Natureza...
Trouxeste-me a Natureza para ao pé de mim.
Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma,
Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,
Por tu me escolheres para te ter e te amar,
Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente
Sobre todas as cousas.
Não me arrependo do que fui outrora
Porque ainda o sou.
Só me arrependo de outrora te não ter amado.
(FERNANDO PESSOA)
Imagem colhida no Google