quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

TRAMA BORDADO


Do calor da terra,
suas memórias primárias,
alada a insistência do que nela há,
é de sua natureza aspirar o sol

Ainda que saiba o desgaste
dos dias e noites,
sobre o olhar já sem tantos detalhes
pela consciência do que consta,
do descalço a sangrar os pés,
e ainda assim, há a menção do tear

Roda viva
de uma engrenagem lenta
girando ainda esse imaginário
nas lentes um céu particular
que bordado a mão, te imagina...

E ainda que na truculência,
vibra!
Inspira!
E te recria trama...

Ponto a ponto, de minuciosos detalhes
a se perder na reticência dessa linha breu,
mas que em cada ponto transparece
e te revela em trama bordado.

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terça-feira, 28 de maio de 2019

ÉRAMOS




















Éramos sete,
Seis,
Nem isso...
O que mais diria que não insuflaria...
peço a transparência dos fatos,
Um coração translucido
Colo,*útero,
Um abraço macio...
Tu me amarias,
Por amor tudo mais nos garantiria.
Ou, pudera não existir a consciência dos pés,
E de tal existência eu não saberia.
“Talvez felicidade seja dormir”,
Talvez seja difícil dormir com medo, com frio,
rotinas de amanhecer em uma poça de urina...
Foi indo, foi indo...
-Amanheço admirando o romper do horizonte,
Absorvendo o aroma dos trilhos...
Atravesso canteiros,
alguns sem lírios, quem sabe amanhã...
Vou indo...
A existência não parece indiferente,
tem sido.
- Meus pés, se ao menos fosse nostalgia,
logo passaria.
Mas, olha aí os mortos bem vivos
fazendo girar a manivela do antigo desafeto,
só se salva quem é filho.
E o rangido estridente ecoando dos cinco!
Talvez por isso os pés tenham memórias e gritem...

Vera Lúcia Bezerra
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quarta-feira, 17 de abril de 2019

SEM POSTAGEM SUA




















Tu, bem entende
dessa fome,
percorre por todos
os cantos deste piso,
e jaz se dela comem,
consome

Neste plano,
neste caminho do nada,
sem postagem tua,
sem imagem, sem mim
sinto o frio de a lâmina
atravessar o meu corpo
e nesta a morte
de um não, de um sim

Eu olho esta página vazia
eu querendo estar por traz dela
passar e tocar - te der repente
bem perto e assanhar teu juízo

Mas, cessaram dos meus lábios
as palavras,
Em meu infinito a loucura,
Repousa meu mundo surdo,
Relendo as horas perdidas
e às vezes eu tenho vergonha...
E choro por esses lamentos pedidos



*Vera Lúcia Bezerra 


quarta-feira, 6 de março de 2019

SE TE ENCANTASSE












Se te encantasse
como são as mariposas
que se deixam levar
atordoadas além das chamas,
Ah, se te encantasse!
Bastaria um crepitar...
“Um segundo seu
de ausência do seu tempo
e eternizaríamos ao nosso”...
Isentaria doutras coisas
e até diriam demência,
E, que coisa outra importaria
se te encantasse?
A esse chamado ouviria,
já arremessando te por ardência,
por assim saber, sentir
quão libertador queimar em chamas...

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