domingo, 23 de maio de 2010

Portas ao Prado

Portas ao Prado Savana
Savana, Salva!
Fecho a entrada “desta terra”
Savana ardente
Terra seca e ainda assim querida!
Poupo-te a tonalidade da imagem escaldante
"Do sertão sem a chuva, como sendo esquecida viúva"

Sem promessa as vindouras floras
Que ainda em grãos aguardam no seio da mãe
A rega que não veio... Te esmorece o seio
Tua vinda só o sertanejo anuncia
É olhar o céu e a chuva adivinha...

Deixa estar meu coração!
Acostumado com a lida dura,
liga não
Teu tônus descorado e os tremores em vista
Teus senhores terrores
“Que impede avistar o horizonte
E até quando a noite se guarda pro dia
Os olhos de sede ardem insones
Nada trazem pra barriga nenos que meia"
Ah! Meu coração,
Escaldante terra esquecida
Parecendo que nem dormiu!
Ou teria ao menos o odor orvalho aqui amanhecido
Aquecido e umedecido o ventre, eu acordar
Fertilizada por tua imagem
E não me deixasses sem ti fonte de água vida
Sedenta partir...

Vera Lúcia Bezerra Freitas
Imagem De Vera

domingo, 16 de maio de 2010

LILA ANJUM

Quedam os véus do olhar, ser disponível pra vida

Hoje amanheci em guarda,
No peito uma rebelião estende vigília
Rondas em volta ao poço de auguras
Vazante e sem fundo...

Parecendo crônica sem curas...
Meia sem apreço e resfriada
Encobrem em traje mudas
Que tão logo despiras

Hoje pareço não existir!
Os passantes não fazem barulho
E o meu corpo é tão leve
Que flutuo sobre mim...

Não lastimo por não ter voz
Por não diferenciar os resmungos
Das bocas que gesticulam
Que coisa alguma me dizem

- Hoje me amanheci mudada!
Não me achei nem me perdi
Na radiografia da vida,
Pois ontem eu não existia

Mas hoje!
Meu momento de poço vazio
“é o instante que mais me acho”

Hoje resolvi me transferir
Tirar de guarda as roupas
Vestir-me de rubra transparência
Que de tão larga me folga

Hoje me espaço dentro de mim
Planto instantes flores, colho jardim
Rosas transladam pra alma
Anjos e Estrelas brincalhonas se engraçam!
Hoje renasci Bailarina! Lila Anjum

*
Vera Lúcia Bezerra Freitas
imagem Devera




















sexta-feira, 14 de maio de 2010

Ciclo

Quando sou multidões
*
Amanheço no físico
E a pedra sem peito queima na mão...
"A alma tende a fugir do corpo"
Puxo os teus pés , pousar ou voar, então?

"Passos rendido sem asas dão-lhe penas"
Lá se vão das minhas mãos...
Longe de mim esfumaço
Encho as narinas e pulmão!

O peito distendido e infante
Enfarta no descompasso da noite
Uma luz que vela se apagando
E um morador sufocando!

Me apoio nos cotovelos
Os dedos que encubem os lábios
Entre eu e o branco da tela
Enlinha disfarces que em branca os cabelos
A divergência cega e gaga me vaga

O mel dos olhos craquela
A voz embarga inaudível
A caixa do peito se estreita
E o morador dali dilacera

Parte-me ao meio e parte o chão
Parte a metade de mim...
La onde surge o jardim
Dor meça a flor da ilusão

Vera Lúcia Bezerra Freitas
Imagem Google

domingo, 9 de maio de 2010

Caindo Na Boca da Noite

CAINDO NA BOCA DA NOITE, Shuáááá

Á meia luz quase vejo!
Vem caindo à tarde ao sol poente...
Observo o poeta que me parte, bem sei que te vais...
Por mais que sejam finas as frestas
Por ela adentra ou escapa...

Pudesse, enlaçar-te-ia com a linha do horizonte
Teceria esse incêndio pra nos queimar...
Mas tantos são os nos velar
Que haja chama para não se apagar...

"O Poema" aqui, repisa os adornos dos pilares
Vira a noite, chama pro dia
De estrela transmuta-se
Em almejoso peixe, para em tua cheia
Seiva de vida mergulhar
Eu sóbria me alertaria não cair na malha fina da rede
Mas é tão inspiradora, refinada queda
Sobre o acolchoado dos lábios!
É, quando encena em mim a louca
Engulo os nós e os arremates, e cuspo o ungüento
O que só a lábia do poeta
Cativa em canteiros de poesia desata

Planto-a nos dourados da tardinha
Germinas em minha garganta verde
Coberta de orvalho, e ainda meio sonolenta
Espreguiça nos braços do sol

Nascente descoberta pela procela
"Distorções do poeta"...
Que quando assim se sente
O teu seio é como a prole in ventre querendo saltar
Ele é todo anseio e desejo
Aqui se curvando, sedento se serve
Oferta-lhes a oferenda lábia
E agora?
Embriagada com os adereços que traja
Qualquer logística bambo leia
Em minha leitura parábolas...
*
Vera Lúcia Bezerra Freitas
Imagem Google