sábado, 7 de janeiro de 2023

Carta Retorno



Navego em caudalosas fontes,

rubras ondas adentram o meu peito,

Minha alma mergulha na euforia,

emergindo leve, sorridente e dançante!

Nesta, te afirmo os vis maremotos;

"nevoeiros sussurradores da discórdia". 

Por tantas vezes a garganta gemia...

faltava-me o ar... olhos ardiam... 

Dia por dia, agradecida, acendia a lamparina,

na matula meus aís, uma pitada de coragem,

tinha a chama como guia.

Ciente da imensidão de céu,

do horizonte após o nevoeiro,

de luz, bem acolá,

depositei ali, aliás, a minha fé legítima.

Sem desculpas, persistindo.

A dor meci por anos sedenta,

que sequer contei... 

Olha,

- A truculência que parte, e aparta, nem tudo é um tial,

o abecedário é doído, legítimo.   

-Escrevo lhe, como sendo carta de amor;

*meu amor,

Perdoa a ausência desses dias sem pausa,

sem sequer um cadinho de trova pra desanuviar a vista.

Hoje sobre esse céu imenso e límpido

levantei-me não mais figurante. 

Viro a página para acrescentar

trechos fragmentados da minha passagem ali.

A essência encandecida, é sabido que não era eu...

Trago comigo cicatrizes ainda sensíveis,

cada uma com seu teor, 

"Mas o coração, que é um guardador de amor,

Casa para beija-flor, borboletas, querubins"

é candeeiro de jardim.  

Olha eu,

emergindo ao som de insistente cornetas   

anunciando essa primavera que se revela...

Afora, acolho-vos caudalosas palavras,

que hão de ser poesia e, bem o sabes,

não me ausento aqui. 


*Vera Lúcia Bezerra Freitas 

Página doEscritor:  https://www.recantodasletras.com.br/escrivaninha/publicacoes/editor.php?acao=ler&idt=7689313 

terça-feira, 15 de março de 2022

COMO EM ONDAS




Sem juras de amor a melodia não é doce

Seu refrão é como pendulo

Que diz, desdiz, mas foi- se


É como lua que emborca árduos tragos

Engolindo as estrelas, envolta a manto fado...

Nos esconderijos de sugestivas vontades

Os sentires são cortantes, procriam são majestade


E nas suas idas que partem como foice

Estagnados desatam sangrias do ontem virado.

E até os mais sutis poros, se enchem, viram riachos

Arrastam enxurradas, vazam as margens


Cá, entre becos que o pareiam e esmaga

O silencio retoma voz, o repente escapa.

Como felinos rugindo exsudando vivacidade,

Noutras ondas maresia, novos acordes rumo cidade.


*Vera Lúcia Bezerra Freitas

Página do Escritor: Recanto das Letras

Código do texto: T7473511


quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

GIRA MUNDO



Gira mundo,
roda gigante,
vá longe ...Volta 
o que tenho dito,
que não existe um único adeus suave.
Na volta
liberta o meu coração
da dor do desafeto, 
doutros abandonos,
pouco caso.
- Por onde anda o eu semelhante, 
a fidelidade de tantas palavras?
Volta mundo!
Que já fostes muito distante,
venha sorrindo
que te preciso amoroso.
conta-me com riqueza os fatos;
Saberiam os corações 
tudo o que hora, cabe num abraço
além das suas particularidades?
Seja breve, 
tenho andado com tanta preguiça 
que tenho dado preferência ao silêncio.

*Vera Lúcia B. Freitas 
Página do Escritor: Recanto das Letras.

domingo, 21 de março de 2021

TU VEM, MATIZES



Cria dos meus dedos, que conflitam

da forma que manobro as letras

encurto o enredo de trelas

mudo a sintonia e retomo a vida.

Do enredo;

- Estação sem cores,

canteiro sem flores

o fizeram partir?

Há tempos que não te via, 

foi num piscar, e não estava lá, 

noutro galho foi pousar...

Do artista, 

O tinteiro intrigado comigo 

O olhar perdido no papel

Tal qual passarinho sem céu

 esmurece 

Tu vem!

O eu anuviado nem queria olhar,

o farfarlhar fazendor-se  notar!

A ora-pro-nóbes deu flores!

Colibrir rodopiando em audível coro

Abelhas fartando-se no mel 

O peito dantes alheio a tudo,

Nuances pra começar...


*Vera Lúcia Bezerra 

Página do Escritor: Recanto das Letras https://www.recantodasletras.com.br/poesias/7211965

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

As Flores








As flores não calam

Toda estação vem assim,

As flores falando por mim

Em um diálogo pra partilhar, 

Há flores em todo lugar!

Que rosa, amarela ou carmim

Salvo a paixão, rocha no coração

Tomo a rosa em toda estação

que essa eu não abra mão.

Flores, e o que ne vem?

Perfumam ensejando o amor

Tons quentes, tal calor

Rubro no peito, sem pudor.

Há rosas de tantas cores!

assim, também há flores,

Tem para você também,

um jardim todo seu, meu bem! 

Se esmerando por todo lugar

E até o que eu não sei falar, 

Flores, pertinente 

flores falem onde eu calar...ღ


*Vera Lúcia B. Freitas

sábado, 24 de outubro de 2020

RETRATADO...


Fim de tarde e ainda há sombras
o olho teima, mesmo que saiba desviar 
já é sabido que não me consta nada
além, para espiar...
Uma taça e uma garrafa
mais nada que o retrate
na mesa vazia algum recado.
Vai a imaginação,
pudera eu tocar com as mãos
falar os absurdos do coração
háa, já na exaustão...
Madrugada por vir
os olhos mareiam sem destino
por nessa hora não saber de mim.

Se eu dormir, se talvez acordar
amanhã será mais uma armadilha
nada me constara,
se não esse alguém que me leva
pra essa ausência que deixa a vagar
sem de fatos algo nas mãos.

Sonhos desconexos,
delírios e frases descompassadas...
Coisa antiga sem porta retrato.

Amanhã não irei levantar
suposto que não vou me suportar.
Porque deveria cambalear
se não me alegro um dia a mais?

- Digo algo meloso á sofrença,
para ter uma última frase no ar?
Tá.
"Toma esse silencio proposital"
que Eu prefiro ficar a desenhar,
a descrever as faces que me consta
sobre essa pauta amassada
aonde me deito contemplando
o vazio ao meu lado
sem enxergar quase nada,
ciente apenas que haviam
tantas outras ideias por aqui
parecendo se completar...
E já que não sou dona de mim
e não há contagem do tempo, 
atiro a pena a tua página...

*Vera Lúcia Bezerra Freitas
Pagina do Escritor: Recanto das Letras
https://www.recantodasletras.com.br/poesias/6206929





quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

TRAMA BORDADO


Do calor da terra,
suas memórias primárias,
alada a insistência do que nela há,
é de sua natureza aspirar o sol

Ainda que saiba o desgaste
dos dias e noites,
sobre o olhar já sem tantos detalhes
pela consciência do que consta,
do descalço a sangrar os pés,
e ainda assim, há a menção do tear

Roda viva
de uma engrenagem lenta
girando ainda esse imaginário
nas lentes um céu particular
que bordado a mão, te imagina...

E ainda que na truculência,
vibra!
Inspira!
E te recria trama...

Ponto a ponto, de minuciosos detalhes
a se perder na reticência dessa linha breu,
mas que em cada ponto transparece
e te revela em trama bordado.

Pagina do Escritor:
https://www.recantodasletras.com.br/poesias/6827254

terça-feira, 28 de maio de 2019

ÉRAMOS




















Éramos sete,
Seis,
Nem isso...
O que mais diria que não insuflaria...
peço a transparência dos fatos,
Um coração translucido
Colo,*útero,
Um abraço macio...
Tu me amarias,
Por amor tudo mais nos garantiria.
Ou, pudera não existir a consciência dos pés,
E de tal existência eu não saberia.
“Talvez felicidade seja dormir”,
Talvez seja difícil dormir com medo, com frio,
rotinas de amanhecer em uma poça de urina...
Foi indo, foi indo...
-Amanheço admirando o romper do horizonte,
Absorvendo o aroma dos trilhos...
Atravesso canteiros,
alguns sem lírios, quem sabe amanhã...
Vou indo...
A existência não parece indiferente,
tem sido.
- Meus pés, se ao menos fosse nostalgia,
logo passaria.
Mas, olha aí os mortos bem vivos
fazendo girar a manivela do antigo desafeto,
só se salva quem é filho.
E o rangido estridente ecoando dos cinco!
Talvez por isso os pés tenham memórias e gritem...

Vera Lúcia Bezerra
Página do Escritor:




quarta-feira, 17 de abril de 2019

SEM POSTAGEM SUA




















Tu, bem entende
dessa fome,
percorre por todos
os cantos deste piso,
e jaz se dela comem,
consome

Neste plano,
neste caminho do nada,
sem postagem tua,
sem imagem, sem mim
sinto o frio de a lâmina
atravessar o meu corpo
e nesta a morte
de um não, de um sim

Eu olho esta página vazia
eu querendo estar por traz dela
passar e tocar - te der repente
bem perto e assanhar teu juízo

Mas, cessaram dos meus lábios
as palavras,
Em meu infinito a loucura,
Repousa meu mundo surdo,
Relendo as horas perdidas
e às vezes eu tenho vergonha...
E choro por esses lamentos pedidos



*Vera Lúcia Bezerra 


quarta-feira, 6 de março de 2019

SE TE ENCANTASSE












Se te encantasse
como são as mariposas
que se deixam levar
atordoadas além das chamas,
Ah, se te encantasse!
Bastaria um crepitar...
“Um segundo seu
de ausência do seu tempo
e eternizaríamos ao nosso”...
Isentaria doutras coisas
e até diriam demência,
E, que coisa outra importaria
se te encantasse?
A esse chamado ouviria,
já arremessando te por ardência,
por assim saber, sentir
quão libertador queimar em chamas...

Pagina do Escritor: Recanto das letras



domingo, 25 de novembro de 2018

GAIOLA DA LÁBIA




















Na aspereza da língua
As feras se estranham
No ancoradouro dos sonhos
os dissabores margeiam
banalizados por avessos abissais
Uma criança dorme
em um canto vazio,
As demências dão léguas
ávidos dinossauros...
Alargo os cantos da boca
E projeto as presas
com amontoados de letras
que dessorem os sentires 
das falácias
dos conservadores
desavergonhados
de o verbo. 
O aparato dos saltos 
é o barato da vez
O sapato que aperta
O calço em falho 
Na miopia estrábica
De o sonho que pesa 
Em mundo de imundos
que se esconde,
se escondem esnobes,
dês -nobres
Não piscam avisos reflexos
Enquanto avulso
um sorriso morre,
Outro, talvez meio infante
Para a luz do teu rosto
se projeta
mas é o seu peito que foca
e ainda que descrente, 
almejo a volta da fé
que nos acorde... 
*
*Vera Lúcia Bezerra
Pagina do Escritor: Recanto das Letras
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sábado, 3 de março de 2018

JOGO LIMPO




















O lobo ainda é fera
dito assim para que antes
que lhe sangre a pele
debande a via.
Não há meio termo
independe,
Nem garantia de nada...
Seguir.
Há uma selva se não em nós
onde mais por assentir?
Presa fácil esquivando a barriga
numa tentativa frustrada escapar
do ósseo, tentáculos da mente...
Qual direção atirar quando
se esta a perder a mira?
Talvez seja alento aquele
botão start...
Play...
Play
Afinal, de que vale esse peito
se não para conceber
outro certeiro engano?
Irresistível atrativo sentir a textura
do click anuviando a vista,
e lhe consumindo as entranhas
acamado na própria tocaia.
Sobre a demência lhe vai
Caindo a rede...
Zzz zzz zzz
Tira teima desfocado...

*Vera Lúcia Bezerra Freitas
Página do Escritor
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quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

VIDA E CORAÇÃO
















Era para ficar em silencio
Emudecida para qualquer 
Intenção do coração,
entre elas as mazelas
invenções ou dramas.
Mas o pensamento
foi distorcendo
o ente dissolvendo
vivendo por viver
sem se dar conta.
Vez e outra nos espanta
com seus enigmas apronta
ao dar fim ao faz de conta.
E já é hora de partir
sem aviso, só a conta
a vida vai abreviando.
Noutro instante
viçosa e embriagante
chega cheia de firulas
a vida grita nos beijando...
Ainda que sem saber 
das reticências nas curvas
quando vem tal chuva
acoberta de candura
enxurra qualquer criatura
as vezes com pétalas e mel 
noutras de forma cruel...

*

Vera Lúcia Bezerra Freitas
Página do Escritor: Recanto das Letras
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domingo, 13 de agosto de 2017

PÉS DE VENTO























Sem o embriago de dogmas, sã e não santa
Não me fazer de rogada ou heroína
Ser poeta
Em tua boca me servir do que eu quiser
Engordar com o repertório de tua lábia
Mergulhando na cachoeira de tua saliva
Nesta hora que me sugeres
Enxugar-me na maciez de tua língua...
Na nascente onde acorda o dia!
“Cá, ouvir a tua voz, que em mim chamas”
Sentir-me como estrela SOL
Ter grandeza de mundos em teu cintilar
Tirar dos teus lábios o meu fôlego
Que nos ventila os movimentos da vida...
E em meu ventre um sopro se
Transformar em um planeta
Com as formações e semelhanças divinas
Aspiração una dos mortais... Mas
Sou apenas o caractere de poeta
O Pé de vento e o telhado aluado
No peito o elementar de tua crença
A estrela projetada, no sempre palco
Como uma peça se formando, deslocando as cenas
... Ensaios repetidos que te focam
E repisa-te no seio
Em cada novo poema uma taça á Dionísio
Oferenda de verso santo
E o embriago queda na boca do poeta
E as palavras viram nisso
E o texto profundo, revira, mergulha e nada


*Vera Lúcia Bezerra Freitas
Página do Escritor: Recanto das Letras

domingo, 30 de julho de 2017

DESENHANDO O ENCONTRO


As marquinhas do grafite
contornam a crença
do poeta,
e quando chegam
ao sagrado
quedam sobre
a tua boca,
minha curva predileta...
Oceanos se formam,
Mel e sal em abundância,
As ondinhas dançam
Horizontes delineiam-se
para alcançar a distância
As estrelas se acendem
iluminando o encontro,
Junto aos tornozelos
de Vênus
renovo a minha fé
deitando o meu singelo verso
e te espero reverso

*

Vera Lúcia Bezerra Freitas
Pagina do Escritor: Recanto das Letras


segunda-feira, 24 de julho de 2017

TODA ESSA COISARADA













Esboço do rascunho
demência imagem
em fragmentos áridos,
Ruídos sem sombras
nem passos,
almaços enfadados
ao lado.
Truculência do estado            
desassossego
que assombra
o peito
acomete o corpo
adoece o sujeito
e embarga
os mesmos fatos.
Permeando no tempo
mancando desfigurado
sem soma, inexato.
Nem sopro ou vento
poeira, paisagem
nem credo
devolve a paz.
Rodeios alheio
enovela quilômetros
lentidão e o caos,
Em macha bandeira
na engaja os feridos
adornos doídos
no ultimo apelo
sangrando a alma.
Planície, planalto
umidade escassa
frio seco
chão craquelado,
Pele esturricada
Ar, ar, ar
Cheiro de pinho
Ipê,
parque da cidade
folhas secas
Flores rosadas
Sementes rasteiras
Arvores desfiada
Céu inteiro
Nuvens em prata
Ar, ar
Cenário em pauta
Desinteirado
Interface degrado
de o brado,
 ar...

 *
Vera Lúcia Bezerra Freitas
Pagina do Escritor: Recanto das Letras
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