domingo, 27 de novembro de 2016

ASSIM SE VAI


















Assim se foi, nada a mais
que os lampejos
da mente que surtou
na insistência de criar.
Na lamuria o poeta sangra
enche a taça do fel que vaza
nela ele se farta.
A cada dose cambaleia
às sombras dessa esquina,
e a cada queda se abriga
em mais uma taça...
Atordoando em fadiga
adormece o seu pesar...
Queria apenas sonhar!
“Coisa essa impossível tocar”
Nem amiga, ou amada
Sem boca, ou lábios 
sequer um abraço que
dispusesse para dele lembrar.
Precisava sanar o vício
que o adoecia e arrastava
e ainda assim o guardava...
Deitou-se frente ao a –mar
pra descasar.
Seus olhos eram os mesmos
mas o peito afogava
diante a taça vazia a dor se ia,
nem um trago a mais.
Até poderia acordar
"apos mil anos, depois
que o corpo se tornasse
água e pó, se ouvisse
o sussurrar da voz,
saberia acordar".
Mas, não.
Nada se ouvia
o silencio se fez calar.
Nem um coro das cantigas,
que remelas pra limpar.
Se deixou levar
coisa alguma queria,
sentia ou valia.
Não importunava a dor do frio,
as lembranças de coisa antiga
Nem isso ou aquilo
nas supostas entrelinhas
e assim se ia...
Sem nada mais a aclamar
seus olhos desçancaram 
da ladeira antiga da estrada. 
Ahh


*Vera Lúcia Bezerra Freitas
Página do Escritor: Recanto das Letras
Imagem do Google

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