domingo, 16 de maio de 2010

LILA ANJUM

Quedam os véus do olhar, ser disponível pra vida

Hoje amanheci em guarda,
No peito uma rebelião estende vigília
Rondas em volta ao poço de auguras
Vazante e sem fundo...

Parecendo crônica sem curas...
Meia sem apreço e resfriada
Encobrem em traje mudas
Que tão logo despiras

Hoje pareço não existir!
Os passantes não fazem barulho
E o meu corpo é tão leve
Que flutuo sobre mim...

Não lastimo por não ter voz
Por não diferenciar os resmungos
Das bocas que gesticulam
Que coisa alguma me dizem

- Hoje me amanheci mudada!
Não me achei nem me perdi
Na radiografia da vida,
Pois ontem eu não existia

Mas hoje!
Meu momento de poço vazio
“é o instante que mais me acho”

Hoje resolvi me transferir
Tirar de guarda as roupas
Vestir-me de rubra transparência
Que de tão larga me folga

Hoje me espaço dentro de mim
Planto instantes flores, colho jardim
Rosas transladam pra alma
Anjos e Estrelas brincalhonas se engraçam!
Hoje renasci Bailarina! Lila Anjum

*
Vera Lúcia Bezerra Freitas
imagem Devera




















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